Gestação cética
















Comida perigosamente condimentada sempre foi marca minha. Mostarda, ervas, limão e toda sorte de molhos picantes era rotina. Mas eis que surge a gravidez e o meu gosto por sabores fortes praticamente some. Os primeiros meses foram de enjôos constantes. Acabei por rejeitar minha pimenta favorita.

E azia, muita azia. Sempre.

O mais estranho foi me acostumar com a idéia de que realmente estava grávida. Já tinha acontecido parecido uma porção de vezes. Bastava só a menstruação atrasar para eu fazer mil brincadeiras com o Ismael. Ele sempre respondia com um "não assumo". E a brincadeira acabava quando a cólica surgia. Alarme falso!

 E aí eu vejo aquele feijãozinho. Pequeninininininhozinho, mas com um coração que pulsava tão forte. Difícil acreditar.

Aos quatro meses e tanto de gestação, mais uma ultrassonografia. Não restava dúvida. Agora tinha  os membros distinguíveis, a coluna vertebral formada. Tudo dentro de mim.

Esquisito.

Tenho uma mania insana de não ver as coisas pela superfície. Enquanto todo mundo encara a gestação como uma das coisas mais normais da vida, eu estranho. Nunca tinha levado a sério a idéia de que poderia gerar uma vida. É uma aventura tão surreal. Imaginar uma criaturinha crescendo dentro de você! Achei que acontecia com todo mundo, menos comigo. Não que eu não quisesse. Só não achava possível.

Mais alguns dias e talvez descubra o sexo do bebê. Aí sim as coisas ficarão mais claras (eu acho). Poder chamar o bebê pelo nome tornará tudo mais real, mas não menos fantástico.

Comentários

  1. Belo texto, Lu. Também sou dessas que fico filosofando sobre tudo. Atualmente, a morte tem sido minha obsessão, hehe. A fragilidade da vida, sei lá. E, olha só, você tem pensado justamente no contrário. :)

    Cheiro grande,
    Bia

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