O 6° Filme e o amor em Harry Potter

Mal o filme surge na telona e já nos deparamos com um Harry de hormônios à flor da pele. As abundantes cenas de amor deixaram HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE com cara de comédia romântica. De um lado, parte dos fãs aplaude o clima de paixão do novo longa, enquanto a outra fração de fãs do bruxinho mostra-se descontente com o rumo que a adaptação tomou.

HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX (até agora, o melhor filme da saga, em minha opinião), também dirigido pelo cineasta inglês David Yates, trazia, assim como o livro de J. K. Rowling, as atenções voltadas para a vida política no mundo mágico, mostrando os abusos cometidos em nome do poder, a intervenção do ministério da magia em Hogwarts via decretos e o papel nefasto da imprensa na defesa dos mais socialmente privilegiados. Em seu segundo filme para a saga, Yates deixa de lado a política e mergulha no universo das relações amorosas entre os personagens. É claro que o clima de romance está presente no sexto livro de J.K. Sendo assim, era de se esperar que fôssemos encontrar romance na adaptação para o cinema, mas a questão é: as relações amorosas assumem mesmo uma proporção tão gigantesca na obra de Rowling?

Acredito que não. Apesar do sexto livro ser o auge da descoberta sexual entre os personagens, o foco continua a não ser esse. Harry não está caçando passatempos amorosos. Ele simplesmente descobre-se apaixonado, e é isso que desperta nele o desejo de estar com a pessoa amada. Como o eixo do filme gira alucinadamente em torno de paqueras e bem-querenças, fica difícil abordar outras tantas importantes questões, como o sofrimento de Harry pela morte de Sirius e o próprio funeral de Dumbledore. Também fica de fora boa parte das elucidativas lembranças colhidas por Dumbledore acerca da origem de Voldemort, o que eu acho que prejudicará os próximos dois filmes no que diz respeito à identificação das Horcruxes.

Mesmo com os excessos, a própria questão amorosa não foi bem retratada. Pareceu-me que o Harry da telona estava ansiando demais por dar uns beijinhos. Ele não estava rejeitando nem a afobadinha da Romilda Vane, imagine. Ao invés de injetar cenas de paquera inexistentes na obra, como aquela da atendente da lanchonete, talvez devessem ter mostrado o empenho de Harry em descobrir o que Malfoy estava tramando, por exemplo. Apesar das discussões levantadas, HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE é realmente um filme divertido de se ver. Fugindo um pouco aos anteriores, explora bastante o humor, o que garante umas boas risadas.

*Originalmente publicado em minha coluna na Potter Heaven em 20/08/2009

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