Intimidade descansada

Mais jovem, eu brincava de ser poeta, mal do século, morria por amor. Há muitos e muitos anos não escrevia, e ontem à noite deu vontade. Escrevi. Já não tão pretensiosa, só umas palavrinhas de qualquer jeito, mas que fiz inspirada e apaixonada ao vê-lo dormir.

Intimidade descansada

(Lu Ribeiro)

Alonguei o braço
Encontrei teu dorso
Dormia nu
Sonhando exposto

Esse amor calmo
Percorre teus trajetos
Tão lerdo e seguro
Um dia foi revolto

O afeto descansou
Fez do caminho
Seu maior destino
Enfim desacelerou

Com o que sonha?
O peito sobe lento
Desce chiando baixo
Sibila sem pudor

Nudez sem cerimônia
Conheço cada detalhe
Os vincos, sinais
Decoro os traços

Leio como novidade
Sempre mais a descobrir
Mesmo que há tempos
Te assista dormir

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